quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

35 anos de Os Embalos de Sábado à Noite

Sucesso mundial, Os Embalos de Sábado à Noite marcou época e virou o filme referência sobre os anos 1970. De quebra, ainda alçou John Travolta ao estrelato. Na semana em que completa 35 anos, o AdoroCinema preparou uma matéria especial sobre o filme e o fenômeno cultural causado por ele.

Os Embalos de Sábado à Noite (1977)


O retrato de uma época. Assim pode ser definido Os Embalos de Sábado à Noite, tremendo sucesso de público que atraiu jovens e adultos às salas de cinema no final de 1977 e em boa parte dos meses seguintes.

Impulsionado pela empolgante trilha sonora dos Bee Gees, o filme estourou mundialmente e fez de Tony Manero um ícone lembrado até hoje, seja pelo visual caprichado ou pela excelência na dança. Seu intérprete, John Travolta, logo virou astro e foi até mesmo indicado ao Oscar de melhor ator pelo papel.

Na semana em que o filme completa 35 anos de lançamento, o AdoroCinema preparou esta matéria especial sobre o impacto cultural provocado por Os Embalos de Sábado à Noite. Aproveite e relembre este fenômeno que ultrapassou a barreira do cinema!
 O astro John Travolta
Primogênito de seis filhos do casal Helen e Salvatore Travolta, John cresceu na pequena cidade de Englewood, no estado de New Jersey. Na adolescência sua mãe resolveu inscrevê-lo em uma escola de teatro em Nova York, onde pôde estudar canto, dança e atuação. Aos 16 anos conseguiu seu primeiro trabalho profissional, no musical de verão Bye Bye Birdie. Logo resolveu deixar de lado os estudos e investir de vez na profissão, se mudando para Nova York e passando a trabalhar com uma certa regularidade em produções de verão e comerciais de TV.

Aos 18 anos, John Travolta estreou na Broadway com Grease. Pouco tempo depois ingressou no elenco de Over Here, onde trabalhou por dez meses. Decidido a tentar a sorte em Hollywood, ele deixou Nova York e partiu para Los Angeles. Participou do telefilme The Devil's Rain(1975) e teve pequenos papéis nas séries de TV Medical Center(1969), Emergency! (1972) e The Rookies (1972). Foi apenas com a série Welcome Back, Kotter (1975-79), onde interpretou um dos principais personagens, que alcançou o sucesso junto ao público americano.

Quando foi rodar Os Embalos de Sábado à Noite (1977), John Travolta já atraía fãs histéricas. Em documentário gravado para a edição comemorativa de 30 anos do filme, feita para ser lançada em home video, a atriz Donna Pescow, intérprete de Annette, contou que certa vez as fãs começaram a balançar o trailer onde ela e Travolta estavam, no intuito de fazê-lo sair do local. Foi preciso apoio da segurança para que a situação fosse tranquilizada. Com o sucesso estrondoso do filme e ainda a indicação ao Oscar, Travolta virou uma estrela mundial do cinema.

Sua popularidade cresceu ainda mais com o filme seguinte, Grease - Nos Tempos da Brilhantina (1978), coestrelado por Olivia Newton-John. A parceria fez tanto sucesso que foi repetida em Embalos a Dois(1983), sem o mesmo sucesso. A boa fase de John Travolta durou atéOs Embalos de Sábado Continuam (1983), onde voltou a interpretar Tony Manero. Entretanto, as críticas negativas fizeram do filme um grande fracasso.

A partir de então a carreira de Travolta desceu ladeira abaixo em Hollywood. Seu ápice no restante da década de 1980 foi a comédia infantil Olha Quem Está Falando (1989), que rendeu duas sequências. Seu retorno ao primeiro time dos astros foi em 1994, ao rodar Pulp Fiction - Tempo de Violência. O assassino profissional Vincent Vega lhe rendeu uma segunda indicação ao Oscar e a dança ao lado de Uma Thurman entrou para a história.

Com a carreira revigorada, Travolta emendou vários filmes de sucesso, comoO Nome do Jogo (1995), A Última Ameaça (1996) e A Outra Face (1997). O fiasco de A Reconquista (2000) ameaçou jogá-lo de volta ao limbo hollywoodiano, mas logo em seguida ele voltou a mostrar bom desempenho nas bilheterias com A Senha: Swordfish (2001) e Motoqueiros Selvagens(2007). Com Hairspray - Em Busca da Fama (2007) teve mais um ponto alto na carreira, ao intérpretar Edna, mãe da protagonista Tracy. Chance de, mais uma vez, ver Travolta dançando em cena.

Com uma carreira repleta de altos e baixos, John Travolta se firmou na constelação de Hollywood graças a alguns atributos raros, como carisma, beleza e talento com a dança. Todas características de seu personagem mais famoso: Tony Manero, o protagonista de Os Embalos de Sábado à Noite.
Uma matéria especial de Francisco Russo

Visual

Alguns filmes fazem tanto sucesso que criam ou impulsionam tendências, não apenas de vestimentas mas também de comportamento. Os Embalos de Sábado à Noite foi um destes casos. A começar pela presença de um homem sem qualquer vergonha de dançar à vontade nas pistas de dança. Também neste sentido, Tony Manero serviu como um símbolo da libertação masculina, ao menos entre aqueles que achavam que se requebrar ao som de música dançante não era coisa de macho de verdade.


Visualmente, Tony Manero também foi emblemático. Seja pelo laquê caprichado no cabelo - lembre-se da cena em que o personagem reclama dos tapas dados pelo pai, justamente pelo risco deles desmancharem seu penteado -, pelos ternos estilosos ou as camisas justas e de colarinhio grande. A escolha do figurino coube a Patrizia von Brandenstein, que fez uma pesquisa buscando vestimentas típicas de jovens de classe média baixa, como eram os personagens principais do filme. Entre eles os famosos sapatos plataforma, típicos para a dança, que a figurinista encontrou aos montes em uma loja comum de Manhattan.

Uma das roupas mais conhecidas - e copiadas - de Os Embalos de Sábado à Noite é a combinação do terno branco com camisa preta que John Travolta usa ao participar do concurso de dança na discoteca. Várias das sátiras e paródias do filme colocam o personagem justamente com esta roupa, que virou uma das marcas registradas do filme.


Bee Gees

Formada pelos irmãos Barry, Robin e Maurice Gibb, a banda Bee Gees nasceu bem antes do sucesso de Os Embalos de Sábado à Noite (1977). O nome mesmo foi definido em 1959, a partir de uma brincadeira feita por um DJ de que a vida dos irmãos tinha muitos Bs e Gs. Nascia então o Bee Gees, em plena Austrália.


O primeiro disco veio apenas em 1965, por um selo independente, e dois anos depois resolveram se mudar para a Inglaterra, empolgados com o sucesso dos Beatles. Como não tinham dinheiro para pagar as passagens, fecharam um acordo onde tocariam durante a viagem. Foi durante o percurso que souberam que a música "Spicks and Specks" tinha se tornado a mais ouvida na Austrália.

Já na Inglaterra, o Bee Gees caiu nas graças do produtor Robert Stigwood. A banda ganhou mais dois integrantes - Colin Petersen na bateria e Vince Melouney na guitarra - e passou a fazer shows ao vivo com uma frequência cada vez maior. Até então o Bee Gees era uma banda de rock, influenciada pelo soul e country, apostando firme em letras românticas. Só que, no auge do sucesso - até então -, os integrantes da banda se separaram no final de 1968.

O retorno aconteceu em 1970 e, apesar de algumas músicas terem estourado, eles eram vistos com um som antiquado para a época, já que o ritmo da moda era o funk e o soul americano. Os irmãos Gibb apenas conserguiram reverter a decadência em 1975, com o disco Main Course, que os levou de volta às paradas de sucesso. A novidade apresentada pela banda era a voz aguda de Barry Gibb, o famoso "falsete", que virou marca registrada do grupo.

Disposto a realizar um filme que pudesse aproveitar o potencial do ainda aspirante John Travolta, o produtor Robert Stigwood desenvolveu Os Embalos de Sábado à Noite juntamente com o Bee Gees. A banda compôs músicas especialmente para o filme, que ainda contava com canções do álbum anterior do grupo, Children of the World. O resultado foi a trilha sonora mais vendida em todos os tempos, com 37 milhões de unidades. Segundo a Billboard, é ainda o quinto álbum mais vendido na história. O Bee Gees atingia o auge da carreira.

Os anos seguintes ainda manteriam a ligação da banda com o cinema. Barry Gibb compôs a faixa-título de Grease - Nos Tempos da Brilhantina (1978), também estrelado por John Travolta. A banda foi ainda convidada a participar de Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (1978), baseado no álbum homônimo dos Beatles.

Consagrados como os reis da disco music, o Bee Gees foi a banda que mais vendeu discos nos anos 1970. Com a ascensão do rock pesado na década seguinte, eles pouco a pouco perderam espaço nas rádios. Uma nova tentativa de retornar ao auge foi com Os Embalos de Sábado Continuam (1983), mas o fracasso do filme sepultou de vez a iniciativa do grupo.

Nas décadas seguintes, o Bee Gees passou por vários altos e baixos, sem jamais repetir o sucesso da época de Os Embalos de Sábado à Noite. Hoje são reconhecidos como uma das maiores e mais populares bandas de todos os tempos.


A era da discoteca

Pode-se dizer que a era da discoteca ascendeu nos Estados Unidos como forma de abrandar a dura realidade nos Estados Unidos. Após anos de guerra no Vietnã e o escândalo de Watergate, que resultou na renúncia de Richard Nixon da presidência do país, as pessoas começaram a buscar meios escapistas para se livrar de tantos problemas. A discoteca, com som alto e pessoas produzidas, parecia o cenário ideal para fugir da realidade.

O gênero musical ganhou corpo nos anos 1970 e teve a boate Studio 54, em Nova York, como ápice. O local era um templo construído para a diversão através da música, onde pessoas famosas e comuns podiam se encontrar na mesma pista de dança - teoricamente, já que, com a fama cada vez maior, o local passou a controlar quem entrava. Era comum ver toda semana notícias de celebridades que estiveram no Studio 54, que pouco a pouco se tornou uma lenda dentro do cenário da badalação novaiorquina.

Um dos grandes acertos de Os Embalos de Sábado à Noite foi justamente capturar este cenário que aflorava em meio à juventude de Nova York. Tony Manero é o símbolo do jovem daquela época: pode ganhar um salário baixo e enfrentar inúmeros problemas em casa, mas não deixa de se produzir com a roupa da moda e um penteado caprichado para arrasar nas pistas de dança. No mundo podia ser apenas mais um, mas ali ele era rei. Todos sonhavam ser admirados como Tony Manero, daí a quantidade de pessoas que passaram a seguir seus passos e visual.


Apesar de não ser exatamente um filme escapista, graças à realidade social que cerca o personagem principal, Os Embalos de Sábado à Noite trazia também este lado graças às músicas dos Bee Gees e o cenário da discoteca - e foi isto que o tornou tão popular. Reflexo de um movimento que atingiu também o cinema, com a derrocada dos diretores da chamada Nova Hollywood, cujos filmes traziam a realidade nua e crua - Taxi Driver e O Poderoso Chefão, por exemplo -, em detrimento dos filmes de entretenimento, onde o ícone maior foi o megasucessoGuerra nas Estrelas (1977).

s Embalos de Sábado Continuam (1983)


Lançado seis anos após Os Embalos de Sábado à Noite, esta sequência foi recebida com grande expectativa pelo público em geral. Afinal de contas, era a chance de ver o que aconteceu com Tony Manero após os eventos do primeiro filme. Entretanto, as péssimas críticas e o mau desempenho nas bilheterias fizeram com que o longa naufragasse.

Desta vez Tony trabalha em uma academia de ginástica e sonha em ser o astro principal de um grande show da Broadway, ao mesmo tempo em que se vê dividido entre duas mulheres. O elenco conta ainda com Cynthia Rhodes e Finola Hughes. Curiosamente, Os Embalos de Sábado Continuam foi dirigido por Sylvester Stallone, que tinha um cartaz como Rocky Balboa pendurado no quarto de Tony no primeiro filme.
fonte: adoro cinema

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